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terça-feira, 11 de setembro de 2012

A copa é aqui? Tem Certeza...

Vergonha alheia. 
Com a intenção de celebrar um momento especial da minha relação com meu filho e de aproveitar o recente interesse dele pelo esporte, decidimos ir a um estádio de futebol a fim de assistirmos a uma partida, evento simples e corriqueiro para as tardes de domingo de milhares de pessoas do nosso país. Decisão tomada, preparei-me para desfrutar cada processo de forma segura e organizada.
O inicio da jornada... Com três dias de antecedência fui ao local do jogo para comprar os ingressos. Pensando em experiências passadas, esperava ser abordado por um “cambista” (confesso que não consigo imaginar uma atividade mais oportunista do que essa), pois bem, fui abordado! Após alguma negociação para que ele apenas deixasse que eu prosseguisse meu caminho, respirei fundo, acelerei a passada e cheguei até a bilheteria onde letras garrafais informavam que os ingressos estavam ESGOTADOS! Restavam apenas os setores mais caros na grande platéia, mas como o desejo era realmente participar do evento, pedi ao colaborador que estava sentado dentro de uma minúscula gaiola dois ingressos enquanto entregava-lhe o cartão, no mesmo instante o processo foi interrompido, pois o pagamento só poderia ser realizado em dinheiro e como faço parte dos mais de 70% dos brasileiros que utilizam cartões, tive que sair da fila e procurar um banco para realizar a retirada das notas. Voltei para a mesma gaiola com as cédulas nas mãos e após algumas quedas do sistema, finalmente os tickets!! Ao sair deparei-me com um grupo de estudantes estrangeiros em um processo penoso de tentativa de compra dos mesmos ingressos, notei tamanho descaso, tamanha falta de interesse e até de generosidade com o ser humano dos atendentes que prendi a respiração, abaixei a cabeça e escapei sorrateiramente. Por fim notei que finalizaram a compra.
O grande dia... Programei-me para chegar ao campo com duas horas de antecedência, perfeito se durante o percurso não tivesse presenciado um verdadeiro esquema de guerra montado pelos policias, viaturas, verdadeiros tanques de guerra escoltavam alguns ônibus de ensandecidos torcedores, com seus corpos pendurados, aos berros dos mais esdrúxulos palavrões... foi quando, pela primeira vez, a excitação do evento tornou-se medo e ouvi do meu filho: “pois é pai... o clima é meio pesado.” Seguimos. O próximo desafio foi encontrar um local seguro para estacionarmos, talvez tão oportunistas quanto os cambistas são os “guardadores de carro” conhecidos por aqui como “flanelinhas” pois bem, dez reais para deixar o carro na rua e a uma distancia de aproximadamente um quilometro da entrada do estádio. Caminhamos trocando frases entusiasmadas sobre o evento que nos esperava, ora era remetido a um passado encantador, ora vislumbrava um futuro brilhante, meu pequeno é demais!! Assim foi o nosso caminho...
Dia claro, temperatura agradável, gramado perfeito, cenário ideal para uma partida de futebol.
Ainda na intenção de manter as coisas sob o maior controle e segurança possíveis, procurei um colaborador do evento a fim de certificar-me que o assento comprado estaria disponível para que eu o utilizasse...
Adivinhem a resposta: “teoricamente sim...” com um tom que beirava ao deboche. Dito e feito, haviam pessoas sentadas nos assentos que “teoricamente” deveriam ser meus naquele evento. Complacentes sentamos-nos ao lado. O primeiro picolé (o valor é o dobro do praticado no mercado) e aquele grupo de estudantes estrangeiros aproximou-se cuidadosamente, pés unidos, ingressos nas mãos, cabeça levemente inclinada a frente, quase que em sinal de reverencia para mostrar ao cidadão do meu lado que “teoricamente” aquele e os próximos dez assentos enfileirados seriam deles... Surpresa? Nenhuma... após ouvir do companheiro ao lado que as reservas não importavam. Os perdi de vista e não sei de onde acompanharam o espetáculo.
Final de jogo, o que menos importou foi o resultado, se houve um vencedor, não sei. Para evitar as aglomerações do final, decidimos deixar o estádio de forma acelerada. Caminho de volta e algumas conversas, agora a dúvida foi nossa guia. Dez minutos de caminhada e estamos no carro, aciono o alarme e como resposta ouço uma voz “tio!
Me dá cinco reais cuidei do seu carro...” Meu pequeno lançou-me um olhar tão profundo, quase sedento ou meio temente talvez, fugidio...
Como perguntando... Pai? Não teremos aqui em 2014 a maior competição esportiva do planeta?

Marcio Marega

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